Em tempos que já lá vão, vivia na ilha de Celebes um
crocodilo muito velho, tão velho que não conseguia caçar os peixes do rio.
Certo dia, morto de fome, decidiu aventurar-se pelas
margens em busca de algum porco ou cão distraído que lhe servisse de refeição.
Andou, andou até cair exausto e desesperado, sem forças para regressar à água.
Quem lhe valeu foi um rapaz simpático e robusto que
teve pena dele e o arrastou pela cauda.
Em retribuição pelo serviço prestado, o crocodilo
ofereceu-se para o transportar às costas, sempre que ele quisesse navegar. Foi
assim que começaram a viajar juntos.
Mas, apesar da amizade, que sentia pelo rapaz, quando
o crocodilo teve novamente fome lembrou-se de o comer. Antes, porém, quis ouvir
a opinião dos outros animais e todos se mostraram indignados. Devorar quem o
salvara? Que terrível ingratidão! Envergonhado e cheio de remorsos, o crocodilo
resolveu partir para longe e recomeçar a sua vida onde ninguém o conhecesse.
Como o rapaz era o único amigo que tinha, chamou-o e disse-lhe assim:
- Vem comigo à procura de um disco de ouro, que
flutua nas ondas, perto do sítio onde nasce o Sol. Quando o encontrarmos
seremos felizes.
Mais uma vez viajaram juntos, agora sulcando o mar
que parecia não ter fim, mas a certa altura o crocodilo percebeu que não podia
continuar. Exausto, deteve-se na intenção de descansar apenas um instante mas,
logo que parou, o seu corpo transformou-se numa ilha maravilhosa!
O rapaz, que se viu homem feito de um momento para o outro,
verificou, encantado, que trazia ao peito o disco de ouro com que o crocodilo
sonhara.
Percorreu então as praias, as colinas e as montanhas
e compreendeu que aquela era a ilha dos seus sonhos. Instalou-se e escolheu o
nome para a ilha. Chamou-se Timor, que significa Oriente.
Desde esses tempos recuados, o crocodilo tornou-se um
animal sagrado a que os timorenses chamam de “Avô”.
Adaptado de Atlas de Timor-Leste
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